2006/05/30

Roubo

Hoje, fizeram-me o impensável. (Aliás, descobri hoje o que já me fizeram há algum tempo.) Roubaram-me o Setembro. Sim, o meu mês de férias preferido, nem que seja só por uns diazinhos pequenos. O meu Setembro da água quente na minha praia, que nessa altura já partilho com menos pessoas. O meu Setembro tranquilo, o meu fim de Verão e começo de tudo. E tudo em nome de uma tradição ridícula de tirar férias em Agosto, de que não gosto. Como compensação, deixaram-me o Janeiro. Valha-nos isso. Mas o Setembro, o meu Setembro, eu não perdoo.

2006/05/29

Not so straight

O meu jantar de hoje só serve para reafirmar o que disse no post anterior: cada vez gosto mais de homens, sejam eles straight ou não. Aliás, ainda nenhum dos que conheci, à parte aquilo que nunca me poderão dar, fez por mim o que este meu grande amigo not straight (seja lá o que isso for) fez e continua a fazer por mim. O extremo bom gosto que o caracteriza ganha ainda maior encanto com a forma simples e desprendida como o partilha. Adoro-te, R.

2006/05/28

Straight to the point

Dado o ambiente de tricas, traições, lagriminhas, segredinhos, represálias e afins em que tenho vivido os últimos tempos no local de trabalho, resta-me afirmar que as mulheres são umas verdadeiras cabras umas para as outras.

Assim, e apesar de me terem confirmado, pela configuração dos dedos das minhas mãos (copiada de uma qualquer série de TV que mais uma vez deveria ver para ter do que falar), que sou efectiva e inegavelmente straight, chego mais uma vez à conclusão que já tinha tirado há muito tempo (aliás, desde que me conheço): gosto mesmo muito de homens!

2006/05/26

Boring

Sinto-me chata. Estou chata. Tenho uma vida chata. Só me queixo, não me comprazo. Está um fim de tarde ideal para ir com alguém espairecer para a esplanada, para falar de tudo e de nada e não tenho com quem. E também não me apetece ir só, para que reparem em mim, ali, só, sem companhia. Porque vão pensar que devo ser tão chata que ninguém quer estar comigo. Até sou chata no que escrevo. Repetitiva. Limitada. E quanto mais chata estou, mais chata se torna a minha vida. É um círculo vicioso de chatice. Pronto. Não vos chateio mais. Vou para casa chatear-me. Porque não tenho mais ninguém para chatear. Nem os gatos, que já devolvi, porque me chateava vê-los tristes. E não há nada mais chato que isso. Nem eu.

Lullaby

Passo todos os dias só para ouvir aquilo. É a última do dia, antes de pegar em mim e levar-me para a cama. Nothing is as beautiful as when she believes... E vou para a cama a querer acreditar. Nos sonhos que sonho e naqueles que vivo, no maior de todos que anda aqui a fervilhar, à espera de uma chama que dê vida ao rastilho. Ao rastilho certo, porque de vez em quando lá vou acendendo um dos curtos, daqueles de feira, sonoros, por vezes bonitos, mas efémeros. Quero que, quando finalmente explodir, seja lembrado para sempre e que se volte a repetir o efeito, uma vez e outra. I believe, I do, e entretanto, vou-me fazendo lembrar com esta canção de embalar.

2006/05/25

Acabou-se a brincadeira

"Nada há de excessivamente grave sobre o mundo – a não ser levarmos os nossos pequenos dramas demasiado a sério e os nossos grandes sonhos demasiado a brincar".

Woody Allen, em Anything Else, d'après Inês Pedrosa em Crónica Feminina, A Perdição Chique

Shame on me

Conheci-a, há 4 ou 5 anos, já não interessa como. O que conta é que percebi, no meio do grupo em que a encontrei, que havia qualquer coisa de especial na Elisa. Na atitude, na inteligência, na presença... Depois de um único e breve encontro, circunstâncias inesperadas fizeram com que me afastasse daquele grupo, daquelas andanças e o contacto perdeu-se. Perdemo-nos uma da outra, por culpa minha, até há cerca de alguns meses atrás, quando a reencontrei por aqui.

Novamente, o fascínio, a admiração, o orgulho de já ter conversado com alguém assim, bem como uma pontinha de inveja (da boa, claro) de tanta arte numa pessoa só. Esta tarde, ao passear pelos blogs vizinhos, dei com um Cheers à Elisa e ao seu Bebedeiras de Jazz, e ao passar pelos comentários, critiquei-lhe a modéstia. Ela respondeu-me com um "menina simpática" e relembrou-me o café prometido há tanto tempo.

E eu respondo-lhe agora, aqui, que terei, não todo o gosto, nem todo o prazer, mas o maior orgulho em reencontrá-la. Desculpa-me a ausência, Elisa, e até já.

2006/05/24

Home


Finalmente, o Google Earth chegou aos mac. É tão lindinho, ver a nossa casinha como os satélites a vêem. E eu moro aqui, mesmo debaixo da seta.

2006/05/22

Make my day

E é assim, tão simples. O telemóvel apita com uma mensagem. Só isso chega, perguntarem-me como estou, para me sentir viva. Tão simples como isso.

2006/05/19

Elvira e Sebastião

Por mim, ficava aqui mais uma horita, apesar de já ser tarde. Mas estão a chamar-me para dormir. Já lá estão, na minha cama, desde a hora do costume, desde a hora em que os seus pais adoptivos os habituaram ao sossego. Esta casa já foi a deles, tinham apenas um mês de idade. Não deveriam estranhar, mas estranham.

Dizem-nos independentes, infiéis ao dono. Mentira, não pode haver maior mentira. Pelo menos neste caso. A dependência é total, a confiança também. Respeito, idem. Se os chamo, vêm. Se me chamam, vou. Se têm medo, pedem o meu auxílio. Se lhes ralho, obedecem.

Quando a filha da Elvira nasceu, ela pediu a minha ajuda ao primeiro sinal de parto iminente e, mais tarde, entregava-me a cria para que eu a protegesse. O Sebastião roça a cabeça nas minhas mãos quando lhe peço um beijinho. E, assim, eu faço tudo o que eles me pedem. O entendimento é total.

A Elvira e o Sebastião vieram comigo quando mudei de casa. E um dia, porque sei que gostam de liberdade, deixei-os ir de férias com os avós. Campo, ar livre, liberdade. E companhia todo o dia. Nunca mais voltaram, a não ser temporariamente, como agora. Tenho saudades, mas lá, onde têm mimo o dia inteiro, onde mimam ainda mais que a mim, eles são mais felizes. E eu fico feliz por eles.

Vou para a cama. Eles estão à minha espera.

2006/05/18

Vou mais longe

Eu mereço tudo!

2006/05/17

Mudança

Mudou sim. Já mudou muitas vezes. Mudou quando quis melhor, mudou quando se fartou e decidiu mudar porque algo lhe disse, mesmo estando bem, que esse bem-estar tinha os dias contados. E mudou de novo, porque foi obrigada.

E agora quer voltar a mudar. Mas não quer, absolutamente, mais do mesmo. Tem que ser um corte radical e esse tem que ser bem pensado. No sítio certo, para que não note a cicatriz. (Que se sente sempre, quando o tempo muda.) No momento exacto, irá extrair da sua vida a causa da sensação desagradável que lhe mói os dias. Exposto ao ar, esse tumor de desilusão irá lentamente mirrar, perder importância, desaparecer finalmente.

O relatório da intervenção será entregue a quem de direito, e dele constarão todas as análises, a par de algumas advertências para o futuro. O internamento será breve, e a alta um verdadeiro alívio.

Neste momento, fazem-se exames para saber onde intervir. E como. Não é uma intervenção fácil, não senhor. A idade já não ajuda, as vagas são poucas. Pensa, de qualquer forma, numa alternativa ao serviço habitual. Mas não tem muito para onde se virar. É por isso que espera, na sua lista de uma pessoa só, que a chamada chegue. Está para breve, ela sabe. Sente isso, e sente que virá de dentro de si.

Mas entretanto, não consegue resignar-se nem fingir que não sente. Cala-se, a maior parte das vezes (já aprendeu a disfarçar os ais com gargalhadas), mas continua a registar todos os sintomas e a procurar avidamente soluções.

Vai mudar, ela sabe. E quer. Só precisa de um pouco mais de coragem.

2006/05/16

Só isto

"É enquanto ela se vive que a vida é imortal."
Marguerite Duras, O Amante

Eu nem sou muito de citações, mas hoje apeteceu-me.

2006/05/13

Preso por ter cão, preso por não ter

É do senso comum (odeio dizer “toda a gente sabe”, principalmente porque a maior parte das vezes eu não faço a mínima ideia e considero-me gente também) que, quando alguém cai em desgraça, todos (ou quase — não gosto de generalizar, mais uma vez), lhe caem em cima, pisando ainda mais e esforçando-se até à exaustão para descobrir podres atrás de podres, cavando um buraco cada vez maior onde o pobre coitado há-de ser enterrado e afastado para sempre dos prazeres da vida mundana. — E não foi só isso que ele fez, lembras-te daquele caso do…? Também esteve metido nisso, até às orelhas.
Às vezes, prova-se a inocência da pessoa em questão e, aí, todos se esquecem do que disseram, voltando a falar com a pessoa, desculpando-a e desculpando-se com o entusiasmo do momento:
— Sabes, é que em todo o lado se acreditava nisso, mas olha que eu sempre te defendi. Nunca, num só momento, duvidei da tua inocência. Só deixei de te falar porque desapareceste de repente. Pois sim, claro, é sempre assim.
Mas não é só quando se está em baixo que nos escarafuncham a vida, para criar um buraco onde possamos tropeçar e cair em seguida. Quando se está bem lá em cima, há sempre aquela gentinha que se pela por encontrar defeitos. E desatam a criticar tudo, a duvidar da seriedade, a inventar cunhas onde não as há, a procurar defeitos naquilo que apenas sai da linha que todos seguem e a acreditar em tudo o que aqueles que não tiveram a coragem de ser diferentes dizem sobre a pessoa em questão. E discutem o seu valor, o seu trabalho, as suas escolhas, o seu modo de estar e de viver em jantares, festas, encontros, reuniões, esquecendo-se de que, ao fazê-lo, a estão a colocar no centro do mundo. No pedestal onde todos gostariam de estar.
Umas, acabam por ser enredadas nessa teia de suposições e acabam por cair. Outras, as que trazem com eles uma estrelinha, vão balançando, mas não caem. Porque estão atentas como os outros não estão, porque sabem o que eles não sabem, porque têm a coragem de fazer e exigir que façam bem feito e porque têm, indubitavelmente, um brilho indelével.
Há pessoas assim, e essas, meus caros, continuarão vivas mesmo depois de enterradas sob as vossas toneladas de amargura.

2006/05/12

Fail


Não há outra forma de sobreviver se não continuar a tentar, mesmo errando vezes sem conta. Pelo menos para mim. Neste momento, sinto que todos os fios que puxo na minha vida são tão curtos que acabam antes do fim que eu lhes preconizava, e isso traz-me a tentação quase irreprimível de desistir de uma vez por todas, de, pelo menos, resignar-me. — A vida é mesmo assim, dizem-me, e eu, que costumava revoltar-me, começo a ter vontade de acreditar.

E depois leio uma frase de Beckett, que se prendeu aos meus olhos já não sei quando nem onde e começo à procura de um novo fio, esperando que este tenha um fim ou que, pelo menos, seja mais longo. Se falhar outra vez, que falhe melhor.

2006/05/10

A liga da família

As reuniões da minha família com a família do meu irmão (somos filhos dos mesmos pais, mas ele mudou de família desde que casou e mudou de casa) podem comparar-se a jogos de futebol, em que uns jogam para cá, outros para lá, sendo que os resultados de cada encontro estão viciados à partida. Os jogos resumem-se ao seguinte, no mesmo dia, jogando eu em simultâneo em todos eles:

· Ricos contra pobres – ganham os ricos, porque lhes devemos respeito, porque ajudam muito, porque são muito amigos e porque têm sempre razão, ou não seriam ricos.
· Casados contra solteiros – ganham os casados, porque os solteiros não têm obrigações, não têm, normalmente, filhos e, finalmente, porque é assim que deve ser, mesmo que tenham 40 anos e se sustentem.
· Homens contra mulheres – ganham os homens, porque estão ali para ser servidos, ouvidos e nunca postos em questão, mesmo que não nos sustentem.

Inevitavelmente, costumo sempre sair destas épocas do ano com várias lesões emocionais, e inúmeros cartões amarelos, acabando por ser obrigada a descer à divisão abaixo, tenha razão ou não. Para além disso, é habitual abandonar o recinto com várias agressões (verbais, note-se) ao árbitro e fiscal de linha (os meus digníssimos progenitores).

A sorte é que este campeonato só tem meia dúzia de encontros, a maior parte dos quais em Abril e Maio, disputando-se mais uma partida ou outra em Julho, Dezembro e Janeiro. Mas o resultado é sempre o mesmo, por mais que eu reuna os melhores elementos da minha equipa mental. Sempre que abro a boca para argumentar, comentar ou simplesmente constatar um facto, lá me acenam com um cartãozinho em forma de ssshiu ou de sobrancelha levantada. Nunca consigo marcar golo.

Resta-me chegar à conclusão de que, com uma Liga Familiar destas, envolvida num vergonhoso caso de Apito de Costumes, a única solução é mesmo arranjar um ponta-de-lança/defesa (leia-se marido ou companheiro) a quem seja permitido marcar golos ao mesmo tempo que defende a minha dignidade. Com uma mafia destas, só assim.

Por mim, vou continuar a praticar jogo limpo, nesta equipa no singular.

Hey!

Olha! Pssst! Amiguinho! Tou aqui! Não me vês? Tens o msn ligado e nem um olá? Eu sei que pela net não dá muito jeito, tendo em conta como as coisas se passaram... Sim, nunca fomos de grandes cumprimentos, a ânsia era grande, o desejo maior, e só depois de matarmos a fome um do outro nos cumprimentávamos. — Olá, estás boa? E eu respondia-te que sim, que não podia estar melhor. Tinha-te aqui, comigo, em mim, até ao momento em que comentei que o teu corpo estava diferente. Alguém o tinha mudado e, apesar de eu o saber, não o devia ter dito (é o costume, me and my big mouth). Devia ter deixado passar, talvez assim não te apercebesses de que percebi o erro que estavas a cometer. O arrependimento é uma coisa tramada, não é? A vergonha também. Não te pensei assim, mas também quem sou eu para adivinhar os outros? Mas adivinho sim, nesta situação eu sei o que se passa. Traiste triplamente. A mim, a quem te mudou e aos teus valores e princípios. Agora, não cabes em ti de vergonha. Mas sabes? Um pedido de desculpas ajudava-te a ultrapassar isso. Podias ao menos apagar-me da tua vida. Já estou habituada. Por mim, não o farei. Nunca o faço. Não deito fora quem passou por mim.

2006/05/09

Até já

Há alturas em que é melhor ficarmos calados, sob risco de nos revelarmos todos a quem queremos e, sobretudo, a quem não queremos. Nada tenho para dizer que não seja sobre mim, sobre os meus problemas, os dos outros, chatices para cá e para lá.

Para além de estar a atravessar uma fase completamente lamechas, sinto-me completamente aquém de muitas pessoas que leio por aqui. Não passo disto e, como quero ser melhor (leia-se melhor que eu mesma, não melhor que os outros), vou calar-me por uns tempos. Que até podem não ser longos, mas vou calar-me. Ou melhor, sossegar estes dedos que eu gostava que fossem capazes de escrever por mim, sem terem que obedecer às ordens de uma qualquer entidade mental que, presentemente, está ausente em terras de desilusões e desencanto e não é capaz de mais.

Deram-me um rebuçado e tiraram-mo. Às vezes, o melhor mesmo é não provarmos, ficarmos na ignorância, porque depois custa mais suportar a falta.

2006/05/06

Pillow talk

C'mon, tuck me in. Wrap your arms around me, better, wrap your whole body around me and don't move. Yes, way to go, I can feel your breath on my neck. Good night, baby. Good night. I'll go to sleep now.

2006/05/05

Monólogo

— Olha lá, mas por que é que tu te metes nisso? Não estás bem? Não era melhor pensares em ti e não nos problemas dos outros?
— Eu sei, eu sei, mas que queres, eu sou assim. Não consigo estar bem e ver os outros mal.
— Vai mas é dormir, porque depois chegas atrasada e tens que levar com a conversa de que prejudicas o trabalho dos outros.
— Eu sei, tenho que ir dormir, então com as olheiras com que estava hoje de manhã. Então não é que elas pensam que eu durmo pouco porque ando na net a fazer porcarias virtuais com desconhecidos?
— Mas isso agora não interessa nada. Agora tens é que descansar.
— Já vou, já vou, ainda tenho que escrever qualquer coisa. Apetece-me. Não resisto.
— Vá, deixa-te de coisas, já sabes que amanhã acordas a pensar que tens que vir a correr apagar isto antes que alguém veja.
— Não é nada que nunca tenha feito, mas não quero voltar a fazer. Não vou voltar a fazer.
— Já para a cama!
— Pronto, eu vou, mas ainda vou ler. Só umas pagininhas, até apanhar um parágrafo em que dê para interromper. Ou então leio só uma cronicazinha da Inês. Ou duas.
— Sabes que devias ir dormir, olha o estado em que estavas há bocado. Mal conseguias abrir os olhos. Ainda queres ir ler...
— Já vou, já vou.
— Aiiiii!!!
— Pronto, eu vou. E é já. É só desligar isto, mas antes ainda tenho que enviar um mail.

2006/05/04

Quero férias!

Isto está bonito, está. Eu queria conseguir pensar em mim, nos meus projectos, em tudo o que quero fazer, deixar de fazer, o que quero conquistar e reconquistar... mas não consigo. Desculpem qualquer coisinha, mas prometo que isto melhora.

2006/05/03

Inês

Num dia és o mosquito, no outro és o pára-brisas.

(anónimo)
Para a Inês M, que foi demitida por exigir condições para fazer bem o seu trabalho.

Embora de temperamento colérico, e muitas vezes demasiado excessiva nas suas reacções, a Inês era (e é) uma excelente profissional. Que teve a coragem de enfrentar o sistema de frente. De reclamar, de exigir, de fazer finca-pé, talvez não da melhor forma. E porque não soube esperar, ou porque a fizeram esperar de mais pelos seus direitos básicos, como um contrato a sério na empresa onde trabalhava há mais de 2 anos a recibos verdes, sem quaisquer benefícios, estourou de uma vez por todas.

Em época de celebração da Liberdade e imediatamente a seguir ao Dia do Trabalhador, a Inês está na rua, sem direito a subsídio de desemprego. Viva o 25 de Abril?! Vivam os trabalhadores?! Viva a Inês, que é corajosa.

2006/05/02

# 101

E, antes deste, estão

100

posts, sobre aparências, atitudes, estados de espírito, alegrias, tristezas, revoltas, batalhas, amigos e amigas, com uma grande data pelo meio. Creio que ninguém sabe (nunca disse a ninguém e ninguém se apercebeu, julgando-me uma tonta incapaz de exprimir uma opinião) a dificuldade que sempre tive em mostrar o que escrevo, dizer o que penso, abrir a boca e gritar tudo o que me apetece.

Durante anos, e antes do anonimato proporcionado por estas páginas, fui guardando tudo para mim. Agora, é ao contrário. Farto-me de dizer coisas, sobre tudo e sobre nada, às vezes sai atabalhoado, outras apercebo-me de que só faz sentido para mim, porque a ponta por onde começo sai disparada por causa da acelerada multidão de ideias e ideiazinhas em permanente trânsito no meu cérebro. E outras, o engarrafamento é tal, que não sai nada.

De qualquer forma, sabe-me bem dizer o que tenho para dizer e prometo que vou melhorar. Veremos, daqui a outros 100.

2006/05/01

Second best

Há já algum tempo, talvez em prejuízo meu (nunca saberemos onde nos levariam as opções que rejeitámos em detrimento de outras), que decidi não querer menos que o melhor. E isto não tem que ver, em absoluto, com bens materiais, que nesses chegam-me aqueles que me oferecem um bom desempenho face ao custo. Tem que ver, sim, com aquilo que me satisfaz. E com o que vale verdadeiramente a pena.

Por exemplo, prefiro comer o meu doce preferido apenas uma ou duas vezes por ano, mas feito a preceito, com as calorias todas, a comer diariamente sobremesas feitas à pressa ou enganar-me com iogurtes plenos de criatividade. Prefiro fazer apenas 10 dias de praia, na minha praia preferida (mesmo que para isso precise de fazer 250km), a enfiar-me em filas de trânsito ao fim de semana apenas porque em Junho já temos que estar com o tom de pele que nos permite mostrar as pernas ao mundo. Em suma, prefiro pouco, mas muito, muito bom.

Alguém me disse, há dias, que dado o meu aspecto físico, não me posso dar ao luxo de ser muito exigente na escolha de um companheiro. As coisas são mesmo assim, os menos-que-perfeitos são rejeitados ou, quando muito, são a segunda, terceira, quarta escolha. E, como tal, devem sujeitar-se também a optar por alguém da mesma categoria.

Pois sim, até pode ser verdade para alguns, mas eu não vou nessa. Em primeiro lugar, as pessoas não se escolhem por catálogo, atraem-se ou não, conquistam-se, apaixonam-se. E quando existe a chamada química, e amor verdadeiro, fecham-se os olhos e nada mais é importante.

Vá, chamem-me romântica, naïve, sonhadora e condenem-me a ficar só para sempre. Eu não me importo. Garanto que não viverei um amor de compensação. Mil vezes uma paixão fugaz que uma vida de descontentamento.

4 a 0

Ainda não me habituei. Deve ser falta de hábito, ou coisa parecida. Talvez seja rejeição. A verdade é que ainda tenho que pensar para responder a idade que tenho. Cada vez que vou a escrevê-la, lá vêm o 3 e o 9, juntinhos. Não se largam, depois de terem passado um ano inteiro juntos. Há 5 dias atrás, separei-os, arrumei-os a cada um no seu lugar e substituí-os por outros, na ordem imediatamente a seguir. Mas eles insistem em fazer ruído sempre que penso nisso. Garantem-me que não é por mal, que daqui a uns dias se calam para sempre, mas não dizem quando. Eu até compreendo que não me queiram deixar, afinal eram eles que estavam comigo na altura em que decidi ser diferente. E em que consegui mudar algumas coisas, em que passei a acreditar que muitas coisas que dantes ignorava e rejeitava por medo e complexos são possíveis. Custa-me abandonar-vos, mas as coisas são mesmo assim. Estão arrumados, e desta é de vez. Perderam por 4 a 0.