2006/10/23

Dificuldade

Mesmo com tanta gente a achar, continua a ser difícil encontrar alguma coisa de jeito.

Paradoxo

Esta chuva é uma grande seca!

Foto daqui

Politicamente correcto

Ouvido em directo, numa entrevista a um motorista de táxi sobre os assaltos de que foi vítima:

— Uma das vezes foi dois africanos, um português, o outro brasileiro.

2006/10/19

Elevadoromania

Quem já tiver percebido que me explique, por favor, a obsessão que muitos portugueses têm por viagens de elevador.
Tudo começa pelo carregar no botão. Quando se está, por exemplo, no 0 e se quer subir, carrega-se no botão para descer, porque queremos que o elevador venha para baixo. Ele pára, com gente dentro, e entra-se, para uma viagem gratuita e gratificante até ao -1, -2 e por aí fora, até à última paragem. Depois, temos o sublime prazer de ficarmos sozinhos dentro daquela caixa sem vista para lado algum até ao próximo andar. O mesmo se passa quando queremos descer, obviamente. Primeiro subimos até ao último andar, para termos a certeza de que o nosso lugar está guardado até ao nosso destino. Que fica no rés-do-chão.
Então, vem o fascínio pelos botões de abrir e fechar portas. Que prático, assim não temos que esperar e ainda brincamos ao jogo do entala.
Outro aspecto fascinante é o do desafio da gravidade. Mesmo sabendo que o elevador tem limite de carga, tentamos sempre meter mais alguém, pois se cabem 20, também cabem 21 ou 22. Tudo acaba com um elevador que desce abaixo do nível do patamar e que, consequentemente, encrava. É chegado o momento de tocar o alarme e reunir a unanimidade em torno do mau funcionamento dos serviços. E do material, obviamente.
Finalmente, quem não segue as regras deste jogo, é sorridentemente visto como o tótó que tem medo de elevadores pelos espertalhões que já conseguiram o seu lugarzinho lá dentro.

Foto daqui

Horóscopo

Às vezes, devíamos mesmo acreditar no que os astros nos dizem. Como quase sempre, este acerta, mas como não ligo muito a isto, esqueço-me. Pelo menos, percebi, de uma vez por todas, como funciona o jogo. E as coisas vão mudar, garanto que vão, e não é só por um dia. Amanhã, depois e depois, há mais. É que, como a memória é curta, há quem se esqueça do modus operandi de um touro (com ascendente touro, só para ajudar à fiesta): quando me espetam a doer, não perdem por esperar por uma valente cornada.

2006/10/13

Trabalhos do Imaginário

A partir de amanhã, 14 de Outubro, na Tágide, podem visitar uma exposição de arte contemporânea, com o tema "Trabalhos do Imaginário".

Argumento

O Sr. Ministro da Saúde argumentou que, se as pessoas pagam €3,20 por um maço de tabaco (marca branca, evidentemente) ou €5,00 por um bilhete de cinema, quando têm, por exemplo, um ordenado de €600, também podem perfeitamente pagar €5 pela diária num hospital, o que evidentemente resulta de uma opção perfeitamente consciente.

— Olha, prá semana, para além de estar de baixa a receber só 65% do ordenado, vou passar umas férias a cirurgia em Santa Maria. Tem um não sei quê de hospital de campanha num país africano. E só se pagam €5,00 por dia, com pensão completa e vista para o jardim.
— Eh pá, que fixe! Também posso ir?
— Podes, só tens que arranjar uma doença das graves. E o melhor de tudo é que se conseguires estar mais de 14 dias, eles têm uma promoção do caraças: não pagas nada.

O pagamento até poderá ser compreensível, em certas circunstâncias, mas o argumento, Sr. Ministro, que coisa. Experimente lá reduzir o seu ordenado para €600 por mês e veja quantos filmes pode ver por mês ou quantos maços de tabaco pode comprar (se deixar de almoçar, de pagar a renda e for a pé para o trabalho)…

2006/10/04

Ciclo

"This is how it works
You're young until you're not
You love until you don't
You try until you can't
You laugh until you cry
You cry until you laugh
And everyone must breathe
Until their dying breath

No, this is how it works
You peer inside yourself
You take the things you like
And try to love the things you took
And then you take that love you made
And stick it into some
Someone else's heart
Pumping someone else's blood
And walking arm in arm
You hope it don't get harmed
But even if it does
You'll just do it all again "
Regina Spektor, On the Radio

E é mesmo, mesmo assim. Terminei um ciclo, estou a começar outro (deve ser do Outono de que gosto tanto). A olhar muito para dentro, para encontrar aquilo de que gosto, e também para fora (afinal estou a ver muito melhor), para ver se descubro com quem o partilhar. E no entretanto, povoo o meu silêncio com músicas como esta.

"E as coisas são assim/És jovem até não seres/Amas até não amares/Tentas até não conseguires/Ris-te até chorares/Choras até te rires/E todos têm que respirar/Até ao último fôlego.
Não, as coisas são assim/Olhas bem dentro de ti/Tiras aquilo de que gostas/E tentas amar o que tiraste/E depois tiras o amor que criaste/E põe-lo num certo/Coração de outra pessoa/A fazer correr o seu sangue/E vão de braço dado/Esperando que não se magoe/Mas mesmo que aconteça/Voltas a fazê-lo de novo."