2006/10/19

Elevadoromania

Quem já tiver percebido que me explique, por favor, a obsessão que muitos portugueses têm por viagens de elevador.
Tudo começa pelo carregar no botão. Quando se está, por exemplo, no 0 e se quer subir, carrega-se no botão para descer, porque queremos que o elevador venha para baixo. Ele pára, com gente dentro, e entra-se, para uma viagem gratuita e gratificante até ao -1, -2 e por aí fora, até à última paragem. Depois, temos o sublime prazer de ficarmos sozinhos dentro daquela caixa sem vista para lado algum até ao próximo andar. O mesmo se passa quando queremos descer, obviamente. Primeiro subimos até ao último andar, para termos a certeza de que o nosso lugar está guardado até ao nosso destino. Que fica no rés-do-chão.
Então, vem o fascínio pelos botões de abrir e fechar portas. Que prático, assim não temos que esperar e ainda brincamos ao jogo do entala.
Outro aspecto fascinante é o do desafio da gravidade. Mesmo sabendo que o elevador tem limite de carga, tentamos sempre meter mais alguém, pois se cabem 20, também cabem 21 ou 22. Tudo acaba com um elevador que desce abaixo do nível do patamar e que, consequentemente, encrava. É chegado o momento de tocar o alarme e reunir a unanimidade em torno do mau funcionamento dos serviços. E do material, obviamente.
Finalmente, quem não segue as regras deste jogo, é sorridentemente visto como o tótó que tem medo de elevadores pelos espertalhões que já conseguiram o seu lugarzinho lá dentro.

Foto daqui

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