2008/09/15

Sobre portas (mal fechadas) e janelas (entreabertas)

Diz-se por aí que quando se fecha uma porta (consta que é Deus que o faz, mas eu prefiro acreditar que somos nós mesmos que decidimos ou não fazê-lo) se abre imediatamente uma janela, criando-nos assim uma nova alternativa para, assim por dizer, arejar. E eu tenho, tenho arejado sim. O mais que posso. O mais que consigo. Saindo pela janelinha para todos os dias voltar a entrar e ver-me de novo por trás daquela porta que, apesar de fechada, ainda tem entalados junto à ombreira os restos da questão. Como se se tratasse de um refém que deixaste para um dia vir resgatar. Como se não conseguisses levar contigo aquele pedaço de ti que disseste ser feito de mim. Porque te recusas, porque sabes o que sinto e te sabe bem sabê-lo, a dizer-me "não" ou "chega" e te deixas ficar num silêncio cheio de culpa (a sofrer, eu sei). E aquele pedaço de ti, preso na ombreira e que não consigo arrancar, cria uma inevitável corrente de ar sempre que abro e fecho a janela. E é essa brisa repentina e fria que me arrepia e me faz chorar.
Foto daqui.

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