2005/11/03

Cruzes Canhoto

Tirei esta foto há cerca de um mês, ainda não se falava muito da gripe das aves. Entretanto, e como ainda não cedi às maravilhas (sem ironia) da fotografia digital, limitando-me a usar a minha querida reflex, o rolo foi ficando à espera de que um dia me lembrasse de o revelar. Entretanto, surgem os primeiros mortos e eu lembrei-me imediatamente das aves naquele rolo: patos, gansos, galinhas, galos… um sem fim de seres vivos cobertos de penas. Teriam gripe? Não teriam? Fosse a minha máquina uma digital e elas teriam sido logo apagadas, à semelhança daquele senhor que tentou devolver à loja o papagaio que vive lá em casa há alguns anos. Ou, quem sabe, de alguém que tenha posto o canário de quarentena na despensa, para evitar o contacto com quaisquer outras aves. Já para não falar de quem se torna agorafóbico por causa dos pombos nas praças.

Foi dito e explicado mais que uma vez que o contágio acontece quando há contacto com aves mortas e as suas secreções, e que não há contágio entre seres humanos, pelo que o cidadão comum, que não trabalha em aviários, não tem muito a temer. Mas não… o alarmismo típico dos portugueses deixa-os continuamente em pânico, sem que estes tentem informar-se sobre a verdade dos factos.

Por falar nisso, anda por aí a circular um e-mail de utilidade pública que alerta para os perigos da re-re-re-pasteurização do leite, já que o número impresso na base da embalagem indica o número de vezes que este já foi pasteurizado. Assim, e segundo o e-mail, de fonte seguríssima, “se uma embalagem tiver o número 1, significa que é a primeira vez que sai da fábrica e chega ao supermercado para a venda final, já se tiver o número 4, significa que ele já foi repasteurizado 4 vezes e depois retornou para o supermercado para a venda final e assim por diante...”.

Com tudo isto, já não se come carne de vaca por causa das vacas loucas, não se consomem aves por causa da gripe e não tarda nada, começa a sofrer-se de osteoporose por falta de leite, a não ser que contratem amas-de-leite de confiança para o seu fornecimento.

Quanto a mim, continuo a não dispensar o meu leite do dia, mas apenas porque sabe, e é, realmente melhor.

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