2005/10/30

Sumo de laranja

Em resposta a um desafio colocado em Voz Em Fuga, aqui vai o meu contributo:

Porque estás triste? Não te dei já o sumo de laranja que querias?

Deste, deste. Mas quando te pedi sumo de laranja, sabias que não era sumo que eu queria. Ou devias ter sabido.
Quando te pedi um sumo de laranja queria que me desses de novo o primeiro momento, aquele em que te falei de laranjas e te debruçaste então sobre mim, para me dizeres que eu não iria precisar delas porque te tinha a ti. Para sempre.
Eu devia ter percebido que tu não eras pessoa que entendesse meias palavras. Eras demasiado lógico, demasiado frio, nunca percebeste o que estava para além do que te dizia. E, no entanto, amava-te.
Agora, quando te pedi um sumo de laranja, o que eu queria era que voltasses a ser como no primeiro dia, e me fizesses esquecer o sumo porque tu estavas ali e nada mais era importante.
Estou triste, sim, porque tu não percebeste e eu percebi que tu já não és meu.

3 comentários:

Uxka disse...

Linda,linda, lindo!

Miguel Horta disse...

O autor do desenho gostou...

Hipatia disse...

Quantas vezes nos revoltamos por isso mesmo? Pelo tanto de nós que era suposto ser entendido, pelo tanto de nós que não devia precisar de palavras? E quantas vezes não é porque nos apercebemos que já não há qualquer ponte, já só há roído nas vãs tentativas de comunicação, que finalmente nos obrigamos a dizer "acabou"?

Já estás na Voz :) Obrigada!