2005/09/28

Arquivo Morto - Ana

Ana, a minha irmã Ana. Era assim que eu a via, como uma irmã, de tantas coisas que tínhamos em comum. Durante a nossa adolescência, tudo girava em volta dela. Foi ela que uniu o grupo, era em casa dela que passávamos todas as tardes e, mais tarde, noites. Tudo o que dizia respeito à Ana era bom: era inteligente, bonita e as nossas mães confiavam nela, absolutamente.

A Ana era, em parte, o meu modelo, e foi depois de se tornar modelo que tudo se desmoronou. Primeiro, os novos amigos que não podiam ser nossos amigos também. Depois, o trabalho, que a ocupava totalmente. E finalmente, o Ricardo, como não podia deixar de ser.

Não é que tenha alguma coisa contra, as coisas são mesmo assim, a vida muda e com ela os amigos. Mas o que me chocou, abalou e ainda hoje me deixa perplexa, foi o modo como ela desapareceu das nossas vidas. Ninguém, até hoje, sabe qual o motivo daquele corte radical com quem a rodeava.

Às vezes, um ou outro de nós passa por ela na rua e, sem sabermos porquê, nem temos coragem de a abordar. É um mistério mal resolvido que, continuando a estar no centro das atenções, desencadeia uma série de telefonemas, até para pessoas de quem só nos lembramos nesse momento.

Talvez seja essa a função dela nas nossas vidas. Juntar-nos. A Ana sempre esteve no centro de tudo e, aparentemente, continua a estar.

2 comentários:

Uxka disse...

Estupoina, ainda bem que decidiste escrever de novo, dá gosto! Jinhos

Rosmaninho disse...

E ainda mal comecei. Não percas os próximos capítulos. Beijos