2005/05/24

O espelho magico

No mundo das ilusões

Entrar numa sala de chat é como olharmo-nos num espelho mágico. Ali, libertamos-nos e somos deuses e deusas, confessamos todos os nossos desejos mais íntimos, os nossos sonhos mais bem guardados e libertamos as nossas perversões, escondidos por trás do ecrã. Ali, não temos rosto, isto é, o nosso verdadeiro rosto, enquanto que o nosso corpo se transforma adaptando-se aos sonhos, nossos e alheios. Quando me perguntam como sou, acho graça responder que sou linda, escultural, para lá de “boa”, quando a realidade é outra qualquer.
Mas às vezes encontramos pessoas a quem não nos apetece mentir, a quem só queremos dar a conhecer o nosso verdadeiro eu, porque precisamos que nos aceitem como somos. E então, quando somos bem recebidos do outro lado, mesmo que esse outro esteja a mentir, ficamos felizes porque nos escutaram, compreenderam, pareceram amar.
Há dias em que, porque o espelho não funciona ou não encontramos o outro no sítio do costume, entramos em desespero, porque estamos viciados naquele “amour fou”, naquele anti-depressivo electrónico que nos dá mais fôlego para continuar a suportar o dia-a-dia. Então, esquecemo-nos de que aquele mundo é virtual e vivemos aquela situação como se o nosso grande amor nos tivesse abandonado – choramos, sofremos, enviamos e-mails, procurando uma resposta de meia em meia hora. Quando esta não vem, é o desespero. É como se a ligação caísse, e perdêssemos o número para sempre. É um vazio que fica, no lugar da pessoa que nos fazia companhia noite após noite, antes de ir dormir, para sonhar melhor.
Depois, acordamos e voltamos a tentar, olhando para o espelho com novos olhos e, quem sabe, uma nova fantasia.

1 comentário:

Anónimo disse...

Como bem entendo as tuas palavras...nightwish