2006/06/14

E choveu mesmo

Foto daqui

Não estava à espera de tanto. E, de qualquer forma, a ideia era que chovesse só até de manhã. Mas ela insiste, e tem andado por aqui, agora já sem trovões e relâmpagos, tanto quanto me apercebo por entre o som do rádio e de computadores.

Soube-me bem, ontem, estar deitada na cama, de onde só vejo céu, a observar os clarões a fazerem uma festa por trás das nuvens. Sim, esconderam-se, os sacanas, mas mesmo assim eu dei por eles. A chuva só veio bastante depois, grossa e apressada, fazendo-me levantar para a ver descer a rua, em gotas agrupadas num fluxo que arrastava óleos, terra e detritos. Sempre a eito, rua abaixo, até encontrar, mesmo lá ao fundo, o rio que passa debaixo da ponte, para lhe aumentar o corpo.

Mas, de manhã, devia ter ido dormir. Já está tudo lavado – carros, prédios, ruas – e a terra rescende a fresco, com o cheiro da horta da prima Carolina depois da rega, quando eu tinha 5 anos e a minha praia era uma ribeira para lá do milheiral, em cujas margens havia flores que, esfregadas, faziam uma espécie de sabão. Ao fim da tarde, passeava pelos regos de pés descalços a sentir a corrente da água tirada do poço, com a minha avó a gritar "Cuidado! Cuidado!"

Depois, era ir para casa, jantar e dormir. Como esta chuva já devia ter ido.

2 comentários:

Anónimo disse...

Já devia, já. Cumpts.

Uxka disse...

É um dos meus grandes prazeres, assistir a uma trovoada. A última (e primeira nesta casa)foi uma seca, no mar, raios rendilhados a cair lá ao longe e o ar pesado de electricidade. Um luxo!