2006/04/20

Tumorezinhos de estimação

Ele há pessoas, que de há tanto tempo se relacionarem comigo, pensam que me conhecem. Enganam-se. Elas conhecem apenas a ideia que foram fazendo de mim ao longo dos tempos, sem nunca se terem preocupado em perguntar-me como me sinto, o que quero da vida, quais são os meus medos e os meus motivos. Apenas supõem.

Essas pessoas sabem sempre o que está por trás do que digo, do modo como reajo, da maneira como actuo. Sabem e não desarmam. Se estou com má cara, é porque estou com má vontade, mesmo sem saberem quantas lágrimas chorei antes de adormecer. Se chego tarde porque tive uma insónia, é certamente mentira, porque provavelmente estive a conversar na internet até altas horas. Se converso à parte com um colega que esteve fora 2 meses, é porque possivelmente estou a falar mal delas, assumindo, à partida, que há alguma coisa de mal para dizer.

Agora, sempre que me dizem que sabem perfeitamente por que foi que eu disse ou fiz isto ou aquilo, eu uso a palavrinha proibida que assusta qualquer mortal: tumor. São os meus tumorezinhos de estimação, que vivem no meu cérebro permanentemente e que, por isso, sabem tudo o que estou a pensar.

Que raio, para além de não conseguirem raciocinar fora do vosso mundozinho feito de ideias feitas, não percebem que incomodam?

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